Boipeba, ilha em comunhão com a natureza

Ilha baiana de difícil acesso (a Boiporã da novela da TV) parece ter parado no tempo


Pôr do sol multicolorido, tipo aurora boreal na paleta de cor rosa, na Praia da Boca da Barra

Serão dias em que você só vai precisar da sua sandália de dedos. Em que não vai ver carro algum. E só vai caminhar ou navegar. A Ilha de Boipeba, localizada na Costa do Dendê, Bahia, é um daqueles lugares do Brasil em que a comunhão com a natureza parece perfeita. Olhe essas comparações: de Morro de São Paulo, ela não tem a badalação; de Ilhabela, não tem uns dez por cento dos habitantes; da Ilha Grande, não tem a proximidade com os dois principais centros urbanos do país. Com quatro vilarejos e 20 quilômetros de praia, Boipeba guarda ainda rios, mangue, trilhas ecológicas, coqueirais extensos, vegetação nativa, variedade de espécies de pássaro, da fauna marinha… e,  como se não bastasse, piscinas naturais em alto-mar e à beira da praia… dependendo da maré, é claro. 


De areia batida, praia de Boipeba tem muitas áreas fáceis de caminhar

Até porque, todos os passeios que você fizer em Boipeba, vão depender da Tábua de Marés (camamu.net/marau/mares). Se você sair da vila principal de manhã na maré baixa, em direção a uma praia como Bainema (são duras horas de caminhada), quando voltar, por causa da maré alta, terá que optar por trilhas na mata ou pelo trator-jardineira, que chega até Moreré, a meia hora de distância. Ou seja, é fundamental sair da vila antenado aos movimentos do mar. Para isso, todas as pousadas e hostels costumam receber seus hóspedes com a tábua nas mãos. 

O vaivém das marés também é a chave para a visita às piscinas naturais. As barreiras de corais ficam à mostra e torna-se facinho observar a fauna marinha. Assim, se tiver chance, programe-se para estar em Boipeba durante as luas nova ou cheia. Nesse período, os marés descem a seu menor nível, facilitando a visualização de cardumes. Não toque nos peixes. Não dê comida. Não pise nos corais. Ah, sim, pode ser que você sinta uma leve mordiscada, quando em vez. Mas elas não fazem estrago, não.

A ilha tem quatro vilarejos. O principal é Velha Boipeba. Do cais em que aportam os barcos de transporte coletivo até ele, leva-se menos de cinco minutos andando. Sobe-se a ladeirinha, e chegou. Ali está concentrada a maior parte do comércio da ilha, com restaurantes, quiosques, pousadas e hostels.  Os outros são o de Moreré, a praia mais procurada por turistas; Monte Alegre, na área rural; e o Cova da Onça, onde  passeios de lancha em volta da ilha costumam fazer a parada para o almoço.


A praia de Moreré, a mais famosa entre os turistas, tem boa oferta de bares e restaurantes

E os 20 quilômetros de praias? Pois cada uma delas tem características diferentes. Vamos a elas. Começando pela Boca da Barra, ao lado do cais e da foz do Rio do Inferno. Ali há uma concentração de bares e barracas, mas não falta espaço. E seu pôr do sol é magnífico. Principalmente na maré baixa, quando os corais afloram, emprestando cores adicionais ao ambiente.

Depois, sempre à direita, temos as praias do Outeiro e das Pedrinhas. Há boas pousadas à beira do mar e a cinco minutos dele. Na maré baixa, surgem piscinas naturais boas para banho. Mais adiante, há grande variedade de pedras.

Seguindo, uma trilha de uns quinze minutos pela mata chega-se a Tassimirim, praia de muitos coqueiros, águas calmas e piscinas naturais na maré baixa. A Cueira, que fica a uma hora de caminhada do cais, tem uma enseada de águas claras e é bem extensa. A meia hora dali, depois de cruzar o Rio Oritibe, descobre-se a  mais famosa das praias da ilha: Moreré, já indicada por publicações especializadas como a quarta mais bonita do país. Também tem águas tranquilas e dali também saem barcos para as piscinas em alto-mar, que ficam em frente e ela.

Mais meia hora caminhando, atravessando nova trilha, é a vez de Bainema, também extensa e cercada por coqueirais. De novo: as águas são tranquilhas e ali se formam piscinas naturais.

A praia de Bainema, muito extensa, está nos roteiros de passeios de barco

Finalmente, chega-se à Ponta dos Castelhanos, onde foram filmadas cenas da novela Segundo Sol, da TV Globo. Era a Boiporã da trama. Quase deserta, conta também com extenso coqueiral e recifes de coral.  Depois, vem a Cova da Onça, uma vila bonitinha à beira-mar. Todas as praias tem barracas que servem lagostas, camarão, peixes e drinques com frutas como seriguela, graviola, cupuaçu, entre outras. A Cueira, que costuma receber muitos turistas vindos do Morro de São Paulo para passeios de um dia, tem uma concentração maior de bares e quiosques.  Moreré também tem, já que ali fica um dos quatro vilarejos de Boipeba. Mas ela é extensa e guarda áreas bem tranquilas.

A praia de Bainema, muito extensa, está nos roteiros de passeios de barco

Aliás, a volta à ilha de lancha, oferecida por agências locais, é simplesmente necessária. Há várias paradas para banho, como nas piscinas naturais de Moreré. No fim do dia, ainda dá para comer ostras fresquíssimas num flutuante perto de Velha Boipeba.

Ostras frescas no flutuante que também é ponto de parada dos passeios de barco

A ilha não tem agência bancária e nem todo o comércio aceita cartões. É preciso levar dinheiro em espécie. Boipeba ganhou um shopping horizontal, na beira do mar. Mas, se você não souber do que se trata aquele jardim com jeito de pousada, nem vai desconfiar: e mesmo na segunda quinzena de janeiro, que ainda é período de temporada. O que destoa em Velha Boipeba é a muvuca de fim de noite no descampado do centro da vila, quando dezenas de cadeiras e mesas plásticas são colocadas em frente aos quiosques, bagunçando o cenário. Mas tapioca e acarajés muito bem feitos, além de caipirinhas das mais diferentes frutas valem a parada. O auge da ocupação da ilha se dá no réveillon e no carnaval. Fora disso os 20 quilômetros de praia garantem beleza e tranquilidade ímpares.

COMO CHEGAR LÁ
Por Salvador
Da capital, é preciso pegar um ferry-boat para o Terminal do Bom Despacho, na Ilha de Itaparica. Ali há opções de táxi, inclusive compartilhado, e de ônibus para 1) Valença (a viagem varia entre 1h30 e duas horas) e 2) Graciosa (1h50 e duas horas). Em seguida, será preciso pegar um barco, que levará uma hora até Boipeba (de Valença) ou 45 minutos (de Graciosa). Há mais horários de lancha por Valença. 

De Ilhéus
Ilhéus também é uma boa opção para Boipeba _ e neste caso, só haverá uma viagem de barco. Também será preciso alcançar, de carro ou ônibus, Valença, Graciosa ou Torrinha (de três a três horas e meia de viagem) e daí pegar uma lancha (de uma hora a meia hora navegando pelo rio). Torrinha fica mais perto de Boipeba, mas tem menos horários de lancha para. Valença é mais longe, mas é a que tem mais horários de barco. Graciosa tem horários de barco regulares e fica a meio do caminho das outras duas. Agências de viagem oferecem opções de pacotes com transfers e voos para pontos próximos à ilha.

ONDE FICAR

A dois minutos da beira do mar, tem quartos espaçosos, com varanda e ar-condicionado ou ventilador de teto. No meio da mata, é conhecida por seu restaurante, considerado um dos melhores da ilha. santaclaraboipeba.com

Casa da Cris e Paulo
Também fora da praia, com acesso por uma escadaria, tem apenas dois quartos, super bem decorados, amplos e com varanda. Tem o melhor café da manhã que já provei.. ilhaboipeba.org.br/casadacrisepaulo

Outras pousadas bem avaliadas na ilha:  pousadamangabeiras.com.br; dendeloft.com; mangarosaboipeba.com

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